quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

RELACIONAMENTOS VIRTUAIS: NECESSIDADE DE PERTENCIMENTO


A sociedade do efêmero acostumou-se a viver com praticidade e com a agilidade da nova forma de “interatividade”. Passa-se mais tempo de frente para as telas (computador, tablet, celular) que diminuíram as distâncias e alteraram as noções de tempo; simulamos cada vez mais novos relacionamentos, permeados de uma intimidade enganosa. Entenda-se intimidade como, uma relação de familiaridade, relações às quais se dedica grande afeição. 

O que se percebe nas redes de relacionamentos, onde, diga-se de passagem, um sujeito possui 300 ‘amigos’ em média; porém, no dia seguinte pode não se ter nenhum, dependendo apenas da tecla ‘delete’. Às vezes tais relações existem mais com a necessidade que possuímos de pertencer a determinado grupo, ou de continuar nos modismos da rede, muitas vezes sem nenhum interesse específico.

Amigos virtuais, compras sem sair de casa, infinitas possibilidades de conhecer o mundo em apenas ‘cliques’; ter muitos amigos sem precisar necessariamente passar por frustrações ou sem sair de casa; e o melhor, só preciso ter esse amigo na minha rede de relacionamentos enquanto ele me for útil, depois, posso deletá-lo ou bloqueá-lo, sem maiores problemas.

As relações efêmeras e superficiais, frutos da liberdade de escolhas, são um refúgio para a falta de estruturas e de referências ortodoxas. O sociólogo polonês Bauman (2005), afirma que são percebidas muitas possibilidades de compromissos, porém, não se tem confiança nessas relações, daí, não há quem se sinta seguro para investir nesses relacionamentos pessoais e íntimos sem confiança, o que compromete as relações que seriam em longo prazo.

E neste aspecto, criamos uma certa dificuldade em manter relacionamentos reais. Que são substituídos pelas facilidades encontradas nas ações de conectar e desconectar, prairando sobre os sujeitos um sentimento de ansiedade, medo, insegurança, aflição e incertezas que são percebidos nos desejos de sermos aceitos e identificados numa comunidade, seja ela virtual ou não; na preocupação que temos quando postamos algo e esperamos que todos “curtam” ou “compartilhem”, ou em “quantas pessoas vão comentar meu status?” e mesmo “quantos retwittes eu tive?”. A falsa sensação de pertencer, a falta de tempo (percebido até na forma como reduzimos as palavras) e até a forma de estarmos presentes num evento não estando fisicamente. Tudo isso nos atrai a esse mundo mágico da virtualidade.

Por Tamires Morais

3 comentários:

  1. Tamires,

    Gostei do texto.
    Que tal pesquisar um texto do Bauman sobre "Amor Líquido" e colocar o link aqui...
    Sempre pode ter alguém que quer saber mais sobre o assunto.

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  2. Achei um link para download do livro em pdf:
    http://amorliquidolivro.blogspot.com.br/2010/09/livro-completo-em-pdf.html

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  3. Se a autora permitir posso inserir o link na postagem.

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