A
sociedade do efêmero acostumou-se a viver com praticidade e com a agilidade da
nova forma de “interatividade”. Passa-se mais tempo de frente para as telas
(computador, tablet, celular) que diminuíram as distâncias e alteraram as
noções de tempo; simulamos cada vez mais novos relacionamentos, permeados de
uma intimidade enganosa. Entenda-se intimidade como, uma relação de
familiaridade, relações às quais se dedica grande afeição.
O
que se percebe nas redes de relacionamentos, onde, diga-se de passagem, um
sujeito possui 300 ‘amigos’ em média; porém, no dia seguinte pode não se ter
nenhum, dependendo apenas da tecla ‘delete’. Às vezes tais relações existem
mais com a necessidade que possuímos de pertencer a determinado grupo, ou de
continuar nos modismos da rede, muitas vezes sem nenhum interesse específico.
Amigos
virtuais, compras sem sair de casa, infinitas possibilidades de conhecer o
mundo em apenas ‘cliques’; ter muitos amigos sem precisar necessariamente
passar por frustrações ou sem sair de casa; e o melhor, só preciso ter esse
amigo na minha rede de relacionamentos enquanto ele me for útil, depois, posso
deletá-lo ou bloqueá-lo, sem maiores problemas.
As
relações efêmeras e superficiais, frutos da liberdade de escolhas, são um refúgio
para a falta de estruturas e de referências ortodoxas. O sociólogo polonês
Bauman (2005), afirma que são percebidas muitas possibilidades de compromissos,
porém, não se tem confiança nessas relações, daí, não há quem se sinta seguro
para investir nesses relacionamentos pessoais e íntimos sem confiança, o que
compromete as relações que seriam em longo prazo.
E neste aspecto, criamos uma certa dificuldade em manter
relacionamentos reais. Que são substituídos pelas facilidades encontradas nas
ações de conectar e desconectar, prairando sobre os sujeitos um sentimento de
ansiedade, medo, insegurança, aflição e incertezas que são percebidos nos
desejos de sermos aceitos e identificados numa comunidade, seja ela virtual ou
não; na preocupação que temos quando postamos algo e esperamos que todos
“curtam” ou “compartilhem”, ou em “quantas pessoas vão comentar meu status?” e mesmo “quantos retwittes eu
tive?”. A falsa sensação de pertencer, a falta de tempo (percebido até na forma
como reduzimos as palavras) e até a forma de estarmos presentes num evento não
estando fisicamente. Tudo isso nos atrai a esse mundo mágico da virtualidade.
Por Tamires Morais
Tamires,
ResponderExcluirGostei do texto.
Que tal pesquisar um texto do Bauman sobre "Amor Líquido" e colocar o link aqui...
Sempre pode ter alguém que quer saber mais sobre o assunto.
Achei um link para download do livro em pdf:
ResponderExcluirhttp://amorliquidolivro.blogspot.com.br/2010/09/livro-completo-em-pdf.html
Se a autora permitir posso inserir o link na postagem.
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